20/03/2014

15 minutos

Curitiba, 20 de março de 2014 (11:30 AM)

Tenho exatos 15 minutos para fazer da vida o que quiser
Para escrever retalhos
Frangalhos
Pedaços avulsos
Dos pensamentos já esquecidos
Não
Dos pensamentos relembrados
Da amarga doce certeza da vida
Das passagens
Paisagens
Fotografias
Da memória recente e tardia
Criar sinapses
Batimentos cardíacos taquicárdicos
Bradicardia em seguida
Eupneica nas ideias
Ou não
Sem pontuação
Sem interrogação
Exclama
Proclama
Reclama
Vê se me ama
E se foram 3 minutos e uma vida toda passa pelos olhos
Pelo peito
Pelas incertas felicidades futuras
Pelas felicidades instantâneas
Pelo efêmero desejo
Saudade
E essa música que toca
Parece dizer aquilo que a boca não engole
O estômago tampouco faz digestão
Aprisiona no ventre
Aquilo que precisa libertar
Aquilo que precisa esquecer
Aquilo que já nem sei mais o que é
E será que há algo a ser dito
Mal dito
Porque cada escolha
Fez do próximo dia colheita
Fez da semente fruto
E do fruto o gosto doce na boca
E agora dos 15 restam 5
Então que sejam para respirar o silêncio
Silêncio

Curitiba, 20 de março de 2014 (11:40 AM)

16/09/2013

Pega na minha mão



É um prazer o prazer de te encontrar
Sentir teu cheiro
Respirar teu ar
Ter incógnitas sobre você
É uma extrema boa sensação duvidar que você possa ser de carne e osso
Seguindo o caminho
Sem parar
Mas parando por alguns instante pra ouvir você falar
Pra ouvir a forma que você estremece as batidas do meu coração
Por inteiro
Por inteira
E completamente querendo ser encontrada
Resgatada
Amada
Confidente de toda a tua verdade
Seja nos dias de silêncio
Seja nos dias de barulho
Seja no congestionamento de nós dois
Pega minha mão
Eu quero descobrir o mundo com e em você
Eu quero descobrir o mundo em mim
Quero descobrir quem somos em nós
Não duas metades, mas dois inteiros
Um pouco de poesia
Uma taça de um bom vinho
Contar estrelas
Contar moedas
Contar histórias
Viajar
Admirável vida nova
Redescoberta todos os dias com você
Redescoberta porque você me descobre
Aperta meu peito contra o teu
Me protege da tempestade
Me dá uma vida boa dentro de um quarto de 2 por 3, com uma cama e um guarda-roupa
Eu te dou meus dias
Dou minhas dúvidas, minhas certezas
Meus defeitos
Minha preguiça sempre matinal
Minha fome noturna
Minha sobrancelha torta
Meus lábios rachados
Dou minha grosseria
Prometo textos te falando de amor
Finais semanas só teus
Filhos
Casa desarrumada
Lençóis limpos
Roupas amassadas
Uma mesa toda bagunçada de papéis
Latitude e longitude pensando em você
Viajando e voltando ao teu encontro, mesmo que seja milhares de vezes assim
Milhares de vezes, se possível, contando e (re)encontrando você pelo resto da vida!

01/09/2013

Acredite no amor, sua tola


Não dá para acreditar em um amor para a vida inteira, porque a vida está muito corrida e complicada. Os dias passam rápidos demais, não há mais a calmaria vivida pelos meus avós. Realmente, não dá para acreditar em um amor para a vida inteira, por isso cá estou eu, querendo desacreditar nisso. Os casais que foram casados por mais de 50 anos assim o foram por terem casado há 50 anos, não é? Não há mais amor. Mas e se eu quiser acreditar que existe amor para o resto da vida? E se eu quiser acreditar que o amor pode ser calmo, tranquilo e companheiro apesar dos dias corridos, complicados e desgastantes? Eu serei uma tola sonhadora romântica e extremamente boba. Haverá algum problema ser assim em um mundo que o que vale é o quanto você tem? Provavelmente sim, porque eu acredito no amor.
Eu acredito que um dia um cara maravilhoso vai chegar e arrebatar meu coração e sentidos. Vai chegar e me fazer acreditar que há uma vida para construirmos juntos, dois inteiros que se somam e continuam sendo um. Mesmo que ele seja atrapalhado, bagunçado e desajeitado, ele vai conseguir arrumar as bagunças do meu coração, junto comigo e eu junto dele. Junto dele construindo um caminho mútuo de respeito, companheirismo e tudo aquilo que juntos e separados nos permitiremos a viver. Mesmo quando separados for mais complicado, for melhor desistirmos- e tivermos tudo para desistir, nós não vamos desistir, porque aprenderemos que juntos somos melhores, não feito peças que se encaixam, mas como peças que se entendem. 
Ele vai entender meu olhar como nenhum outro entenderá. Ele aquecerá meus pés frios como nenhum outro aquecerá. Ele vai me abraçar tão forte que nenhum outro abraço será tão abrigo como o dele. Ele será o pai dos meus filhos, vai chorar quando eles se machucarem e orgulhoso tirará fotos das apresentações do colégio. Eu e ele vamos brigar, vamos discutir nas coisas banais, eu vou irritá-lo demorando demais para me arrumar. Ele vai me irritar jogando a toalha molhada na cama, sujando e não lavando a louça, dando refrigerante para os nossos filhos. Ele vai me fazer passar vergonha em uma reunião familiar, eu vou querer desejar nunca ter o encontrado. Ele me pegará pelo braço e dirá: "Você não fica bonita falando palavrão" e eu vou virar e mandar ele se ferrar. Ele me pegará pelo braço e me beijará com ternura. Ele será aquele que me ajudará a querer ser uma pessoa melhor, mesmo quando eu não for a melhor com ele, mesmo quando meus esforços forem rasos para mostrar o profundo amor que sentirei. Sei que vou amá-lo de maneira tão profunda que meu peito explodirá ocasionalmente de tanto querer bem e querer estar junto.Ele será o meu amor, como nenhum outro foi. Eu serei o seu amor, como nenhuma outra foi.
E você ainda me diz que é melhor desacreditar no amor?

Eis o vídeo de quem me mostrou que o amor ainda é digno de se acreditar:




Sem desgosto

Agosto chegou ao fim sem desgosto na boca. E na boca agosto partiu trazendo um sorriso. E o sorriso sobreviveu as tempestades do mês que não é, mas parece ser o mais longo. Agora chega setembro, o mês das flores, do dia marcado na minha certidão de nascimento, daquele sentimento esquisito que as coisas vão melhorar, daquele sentimento esquisito que te derruba e desnuda de todas as desculpas.
Agosto não sabe o que trouxe de tão lento que passou. Eu não sei como será o próximo agosto, nem tampouco, ouso querer pensar nos seus gostos. Não ouso pensar na porção de vida que passou de janeiro a agosto, eu só lembro que sobrevivemos. Não há nada de mágico, nem secreto, nem transcendental, foi apenas mais uma folha arrancada do calendário. Mas quem sabe, sem arriscar com cabeça- muito menos com o coração, a vida possa ser diferente depois desse agosto. Eu posso estar menos pior, continuando sendo pior. Eu posso estar mais esperançosa, mesmo estando no centro das minhas próprias guerras interiores e desejos ferozes. Uma coisa que agosto não sabe é que ele preencheu alguns dos vazios de uma forma que dezembro e janeiro pareceram, mas não preencheram. Preencheu com futuro trazendo presente.
E no fim, seja bem-vindo setembro. Abram as portas, escancarem as janelas, os corações e as bocas, aqui estou, decidida a morrer de amor e continuar vivendo.

 

29/08/2013

Poesia?

Todo aquele que parte reparte uma parte de quem fica.
Todo aquele que chega renova aquele que encontra.
Todo aquele que dissipa a distância encontra e descansa em braços, mãos, caricias, carinhos e beijos.
Todo aquele que espera descansa e continua caminhando.
Toda casa arrumada, com cheiro de lavanda e cortinas esvoaçantes, espera visita.
Todo sorriso espera morada.
Toda a certeza procura argumento.
Toda poesia desesperadamente quer um leitor.
Todo ciclo completado recicla.
Todo caminho dá aos pés chão.
Toda música silencia as redondezas da vida que vagarosamente passeia.
Todo aquele que encontra sente-se achado.
Todo aquele que silencia resguarda palavras.
Todo aquele que ama suporta.
Todo aquele que suporta continua.
Todo aquele que continua reaprende.
E todo aquele que nasce, pode até renascer, mas um hora morre.
Todo aquele que morre, permanece na lembrança, nos aromas, nas circunstâncias, no coração.
Poesia? Prosa? Vida.



12/08/2013

Até que ponto é errado gostar da pessoa errada?



Você provavelmente, assim como eu, já gostou da pessoa errada. Quem nunca? E quem nunca ficou questionando e revirando os pensamentos quanto a sensação do por que eu gostei daquela pessoa? Bem, tudo isso é comum, demodé e todo mundo tá cansado de falar e pensar, e de sentir a inevitável dor de muitas vezes lembrar. Quem nunca se sentiu um completo idiota ao falar com a pessoa amada? E se sentiu mais idiota ainda quando relembrou as coisas que disse e fez? Mas sabe, gostar da pessoa errada faz parte dos acertos da vida e dos aprendizados. Não acredito muito nessa história de alma gêmea, que existe alguém no mundo que foi criado especialmente para outra pessoa. Acredito em pessoas que se encontram, descobrem coisas em comum, coisas em divergência, compartilham juntos conversas gostosas, se descobrem companheiros e decidem partilhar a vida, histórias, sonhos e quem sabe uma vida inteira. Acredito que existe uma pessoa que fará todas as outras serem apenas outras pessoas, claro que acredito. Por mais burradas que eu já tenha feito, por mais pessoas erradas que eu já tenha gostado e me envolvido, ainda tenho a absoluta certeza que uma hora eu acerto e vou gostar de uma pessoa que seja certa, no momento certo, nas circunstâncias certas e da maneira que seja do tipo para toda vida. Quem sabe, eu e você, ainda vamos errar mais um cadinho, gostar de mais uma ou outra pessoa errada. Talvez por algum tempo a pessoa que possamos encontrar possa parecer realmente aquela que será certa pela vida toda, mas vai que a gente briga, vai que a gente se desencontra e novamente, eu e ele, voltamos a estaca zero. Não posso dizer sobre todos os caras que gostei que eles foram errados e eu a certa, quem sabe, eu fui a errada em todos os casos. Fui errada, impulsiva, mimadinha e coloquei chifre em cabeça de cavalo. Ok, posso ter confundido tudo, no entanto, em cada não, eu aprendi a ser melhor na próxima tentativa. Aprendi melhor sobre me relacionar e em não deixar num canto escondido do meu coração o que eu sentia. Aprendi a ser franca quanto ao que eu sentia, as minhas sensações quanto ao outro sempre foram reveladas e eu sempre sentava e tinha algo para escrever. Sim, eu ainda lembro das bobeiras que escrevi para os meninos que gostei, tenho primeiro uma vontade de enfiar a cabeça na parede, só que aí eu lembro que ao menos tentei. Nunca deu certo, mas eu tentei. Não tenho vergonha de dizer que nunca tive um namoradinho sério e quando eu gostava de alguém, eu gostava, me iludia, falava do sentimento e tomava na cara, sempre ouvindo aquele papinho "Ah, nós somos amigos, acho que você tá confundindo as coisas". Infelizmente para uns, acredito que uma grande maioria, isso geralmente acontece. Por mais noites de choro, músicas de fossa e aquela pontinha de "eu nunca mais vou sentir isso por outra pessoa", a gente supera. Lembro da minha última decepção- que de longe foi a pior em todos os sentidos, o que me fez superar foi quando eu entendi que existem muitas pessoas no mundo, superando coisas piores e mais profundas, até eu superei algo pior que foi a perda da minha mãe, o que seria um não do cara que eu gostava? No fim o que fica de toda decepção é o quanto você pode crescer com ela, amadurecer e perceber que as coisas não são exatamente do jeito que fantasiamos e que a nossa felicidade a princípio não pode depender de ninguém a não ser começar pela gente mesmo. Que antes de alguém te fazer feliz, você precisa se fazer feliz, sem que isso seja capítulo de um livro barato e qualquer de auto-ajuda. Infelizmente eu não posso te garantir que você vá encontrar a pessoa certa para o resto da vida ou que seja para apenas uma estação, nem eu tenho essa garantia. O que vale é não desistir, por mais vazio e sem amor que esse mundo pareça estar. Por mais fácil que seja garantir para os lábios beijos e para o corpo prazer, sendo que isso não seja necessariamente por inteiro verdadeiro, leal e completo. A realidade pode ser cruel, além de cruel, ela é devastadora, conheço muitas pessoas que por conta de coleções e amontoados de decepções deixaram de acreditar que podem amar e serem amadas, não discordo dessas pessoas, tenho medo de ficar assim, só que talvez por não aprenderem com os erros passados ou fecharem por demasia o peito deixam escapar as oportunidades de ser diferente. Ou não. Não sei se é totalmente errado gostar da pessoa errada, espero que há algo a ser aprendido, talvez não agora, mas talvez seja para reconhecer quem é certo ou excluir de vez aquele que mostrar os mesmos indícios do errado. No entanto, cada um é cada um, cada história possui duas possibilidades e como sempre me falaram o não você tem, busque o sim e se ele não vier entenda que você precisa aprender.    

03/08/2013

Ensaio sobre a saudade

Falta, claro que a gente sente falta, mas a gente prefere não falar. A gente prefere continuar a caminhar o novo caminho que esqueceu o velho, que empoeirou as antigas lembranças e fez passado o que não volta mais. Por mais que surja aquela louca vontade de relembrar, de voltar a acariciar os cabelos, aquela vontade estúpida que vem antes de dormir e faz revirar sentimentos e cobertas pela cama. E por mais que desapareça da vista, é complicado arrancar do coração. Na verdade não é complicado, é impossível, mesmo quando a saudade não é exatamente uma coceira confortável. Por mais que a gente supere a saudade, aquele tipo de saudade que provavelmente não volta mais, sempre fica um pedaço de falta, que presença nenhuma preenche. É como se certas saudades tivessem um encaixe só delas e isso as tornassem particulares, porém não menos, nem mais, doloridas. Independente do tipo, toda saudade dói. Todo amor dói. Toda falta perdura coisas que coisa nenhuma explica. Ninguém terá o mesmo tipo de sorrir que ele tinha, nem tampouco, ninguém falará daquele mesmo jeito e com aquele mesmo amor que ela falava. Talvez seja importante sentir saudade para lembrar das qualidades, sem desmerecer os possíveis erros que afastaram ou até mesmo silenciar certas bobagens que pareciam pequenas, mas que foram suficientes para trazer distância. Saudade é distância, mesmo morando na mesma casa e dividindo a mesma cama. Saudade é ver que as coisas cotidianas se tornaram raros eventos descobertos ao acaso. Saudade é desejar a presença e permanecer só(zinho). Talvez até fique um cheiro que acalme ou que atice. Talvez até fique a incerteza que um dia pode voltar, sem nunca morrer, porque saudade nunca morre, até mesmo quando a gente morre, ela fica viva em alguém. Bom seria se as saudades pudessem serem mortas por pedidos de desculpa, por vidas imortais, por amores incorruptíveis, pela coragem de tentar, pelo receio de perder. A saudade poderia ser extinta quando machucasse, quando arranhasse o disco das nossas músicas favoritas ou arrancasse páginas dos nossos livros preferidos. Mas ela arranca, machuca, arranha, torna a gente mortal, pequeno e necessitado. Se ela é boa ou não, já não sei.
Sinto saudade e cada saudade é particular, guardada em cantos particulares do peito e sentida na ampla necessidade das coisas que fazem falta.