30/06/2011

Trecho de algumas palavras...

    
    "Que foi o instante em que, com sua ajuda, meu corpo e minha alma começaram a aprender a dançar juntos. Então é isso!, pensei. Ou mais ou menos isso. Ou algo parecido com isso. Você me fazia tanta falta, e eu nem sequer sabia. Hoje sei que certas faltas são intransitivas, e que a própria poesia é esse grande oco de sentido, esse grande vão que ela procura respeitar com as palavras. Ao contrário do que muitos pensam, a poesia está justamente ali, naquele lugar que ela própria delineia sem tocar. Na terceira margem do rio. Naquilo que ela não diz. Na divergência e na dúvida.
     Do mesmo modo, acredito que você vá saber ler aqui tudo aquilo que não pude, ou não soube, escrever. Da janela é possível ver o balãozinho de papel (lembro-me bem: quem fez foi o filho da lavadeira)- e ele vai subindo muito serenamente, para muito longe.

                                                                                                         Da sua leitora"

Adriana Lisboa- Carta para você

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