09/11/2011

                Às vezes eu me sinto perdida, impregnada em alguns sonhos que são profundos demais, esperando ao certo apenas o céu. Pego e olho pela janela, vejo que as estrelas podem estar mortas e continuarem a iluminar por enquanto as minhas noites, até que chegue o meu momento em outro continente e elas se entreguem a seus buracos negros. Sinto uma brisa invadir os cantos da sala e suave balançar e acariciar meus cabelos.
                Lembrando agora das vezes que cega eu andei, dos labirintos que inutilmente me coloquei pensando que sairia fácil, percebendo o quanto eu sou drasticamente dramática.  Vendo os caminhos se cruzarem, saírem do lugar planejado, subindo e descendo montanha, parando para descansar. Continuando os passos, mesmo com as pernas nem tão dispostas e nem tão cansadas, porém sem meio termo para justificar. Continuando a lida de ser marujo de um trem que deseja ter asas de avião para poder pousar em uma rodovia sem nome e endereço.
                Medíocres , imbecis, covardes, inocentes, bobos, medroso, educados, escrupulosos e tantos outros tipos cruzando dia após dia a minha vida, alguns se apegando as minhas mãos, outros simplesmente negando a minha existência, ignorando o cheiro da minha presença. Outros não entendendo as minhas justificativas, chamando de louca a minha crença, o meu achado, o meu nunca mais perdido. Tempos como esses e aqueles que não vão mais voltar, que não me possibilitam mais o rebobinar, que me cabem apenas na memória- falha e sujeita a impulsos nervosos e neurônios que só morrem e não sabem ressurgir.
                Abrindo ao máximo os braços, deixando ao máximo os olhos abertos, querendo dormir pouco, mas sem saber como ao certo gastar todos os segundos. Haverão vidas que eu nunca vou conhecer, nem saber suas histórias, nem encher os dias com minhas preocupações vãs. Dizer que você faz falta porque o seu fazer falta faz falta nos meus dias já não cabe mais no meu respirar, está além de tudo aquilo que eu tive medo de dizer. Tudo pode simplesmente acabar em nada. Esse tal de para sempre tem certas tendências de sumir silencioso por meus dedos.
                Agora vai e continua a vida, meu coração continua sem cessar a bater, as pupilas dilatando e contraindo, as mãos suando e sendo secas nos apertos de mãos. Tudo seguindo a direção que é mais certa, no tempo estabelecido por desculpas, por lamentos, por desilusões e desapegos momentâneos. Eu olho para o relógio, mas ele não conta espera, ele apenas vai e diz que horas são. Eu olho para as pessoas e elas não sabem a metade da menor porção das minhas sensações. Eu me vejo no espelho e não sei a metade da pessoa que sou, disfarçando alguns pecados, não sendo ocultada apenas do olhar de cima que contempla minha essência e mesmo assim consegue invadir minha vida com apenas uma brisa que chega silenciosa na minha sala.
               

Um comentário:

  1. Aaaaaaah eu fico arrepiada cada vez que leio seus textos Rafa! hahaha, serio XD
    Muito lindo o jeito que você descreve seus sentimentos *-*
    Não pare nunca ok?
    Beeijos!

    ResponderExcluir