18/10/2011

entre o sim e o não

                Tenho aqui nas mãos as falhas que talvez você já cometeu. Antes de dormir me cerco de algumas questões que talvez você já teve como suas. Quando acordo tenho a vontade de continuar sonhando, talvez os sonhos que você já sonhou parecidos. Porque o que nos faz diferente, de uma hora para a outra irá nos tornar iguais, pois nem é sempre que os opostos se atraem. Entre o sim e o não, por enquanto hoje, eu permaneço sendo amanhã.
                Mesmo que pareça que minhas palavras corram cansadas e quase sem ar, eu continuo aqui. Continuo assim, deixando as horas passarem simples, vendo o quanto o tempo corre e o quanto eu permaneço, o quanto sou metamorfizada pelas horas que vão passando. E eu gosto de falar sobre o tempo e seu efeito mais profundo que o da força da gravidade. Entre o sim e o não, eu fico com as probabilidades do amanhã, com o efeito ainda desconhecido do tempo, escolho o futuro vivendo o presente.
                Todas as minhas faltas, as minhas necessidades, o meu suprimento, me tornam mais vulnerável ao desapego, mais apressada com tudo que eu posso fazer, não deixar para depois o combustível de cada espera e cada reencontro. Porque eu quero fazer do mundo, seja com suas ruas, praças, vilas e estradas, conhecido aos meus olhos, calçando meus pés com inúmeros idiomas, mas ainda não é a hora. Me limito hoje a ousar e projetar o tamanho dos próximos passos, eu ainda preciso estar pronta para isso, eu ainda preciso ser pronta para acolher no peito o que caberá na visão. Entre o sim e o não, pego forte e abraço o que perto de mim está, sabendo que toda grande muralha antes de ser derrubada precisa ser cercada.
                Entre sim e o não, eu fico com o tchau, não com o adeus, sim com o até logo. Entre o sim e o não, não, não existe talvez, existe espera.   

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